Alô, querido pensador! Nesta postagem, refletimos sobre a necessidade de um governo que nos controle. Para tanto, no primeiro vídeo, voltamos ao tema sobre a natureza humana. Ela fundamenta qualquer sistema político escolhido. A nossa forma de governo pressupõe a acepção hobbesiana de natureza humana, onde o homem é naturalmente mau.
A alternativa à tal acepção de natureza humana é a acepção de Rousseau, onde o homem é bom naturamente. Essa acepção funda a forma de governo onde não há governo: a anarquia, sobre a qual ativemo-nos no segundo vídeo. Cada pessoa teria noção suficiente para não precisar de polícia e para a comunidade viver em paz. Nessa acepção, o Estado não-anárquico tem por fim ou meio a coerção do cidadão. Um grande abraço a todos queridos admiradores do blog! E comente, tentemos sempre continuar o debate!
R.I.P. Carlito's Bar (2002-2010)
Convidado: Tistu Matos da Silva, o Tistógenes, ou Homem-megafone, um mal necessário,
licenciado em filosofia (UFRGS) e autor do livro de poesia
Fragmentos do caderno de notas do Dr. Mehr Diña.
Parte 1
Parte 2
O problema Other Minds que Tistu fez referencia no primeiro vídeo é um problema epistêmico. Como posso generalizar uma natureza humana se não tenho acesso epistêmico à mente de outras pessoas mas somente à minha? Sabendo a minha natureza posso induzir que tal natureza é a de todos também? Problemático ...
ResponderExcluirVocê pode entrar em contato com a mente dos outros. Existem ferramentas para ter este acesso. Até mesmo a linguagem consegue dar conta deste mundo além da minha mente. Bem... a resposta está curta. Tenho pouco tempo agora... mas estarei acompanhando seu Blog. Achei muito interessante.
ResponderExcluirOlá, xará! Gostaria de saber os argumentos a favor da possibilidade de acessar a mente alheia. Parto do pressuposto de que não é possível, o que faz da psicologia uma ciência probabilística.
ResponderExcluirMas, em relação ao anarquismo, afirmei que a tese do bom selvagem funda o anarquismo. Quero esclarecer um pouco mais sobre isso. A tese do bom selvagem funda o anarquismo, mas há outra, se não mais, possibilidades de fundamentos teoricos. Por exemplo, a autonomia da razão sobre a moralidade sugerida por Kant em sua teoria moral também pode fundar a anarquia, independentemente se ele era contra ou não a anarquia. O mesmo acontece com Rousseau: apesar de defender a tese do bom selvagem, ele próprio defende a passagem do estado natural ao civil. Era um contratualista. Mas, a rigor, se a tese do bom selvagem é verdadeira, então o estado civil é desnecessário.
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ExcluirCaríssimos,
ResponderExcluirSerá mesmo que o fundamento argumentativo contrário [e coerente] à natureza humana hobbesiana é a ideia de bom selvagem? Parece-me que não.
Se é verdade que nem todos nossos atos são interesseiros, no sentido individualista do termo, o que permitiria o não-Estado não é uma benevolência inerente ao ser humano, mas sim sua solidariedade construída.
Pensemos nos casos das doações. O indivíduo decide tirar algo de si - ou seja, numa ação supostamente inversa ao egoísmo -, mas em contrapartida vê alguma compensação social ou se identifica com o papel de doador ou com aquele que recebe a doação.
Pelo que percebo, o que pode gerar um estado de não-Estado é a solidariedade construída [usando o conceito de Durkheim], transcendendo coerção e natureza.
Para tanto, os indivíduos precisam se enxergar uns nos outros. Ou seja, o outro deve pertencer ao seu EGO [Eu]. Mas será mesmo possível tal empreendimento num mundo tão multicultural? Caso sim, há outros meios que não um grande império massificador de símbolos?
Gostaria de salientar um aspecto que parece ter sido ignorado nos comentários até aqui, eu enfatizei o fato de considerar a anarquia como uma APOSTA,o que,dadas as premissas do meu argumento,é o máximo com o que eu posso me comprometer! A questão de, uma vez negada a natureza hobbesiana, seguir-se necessariamente o bom selvagem com certeza é uma questão interessante, mas não se segue da minha apresentação: negar, de modo geral o acesso a uma natureza humana é negar qualquer pressuposto metafísico como garantia do sucesso de uma experiência libertária. Significa lutar por um princípio mesmo diante do risco de ele ser temerário!
ResponderExcluirBem, Gabriel, aqui o caso é o do anarquismo. Não queria me aprofundar agora neste assunto. Quem sabe, quando tivermos a epistemologia, objetividade ou verdade em jogo, podemos ser mais específicos. Mas, segundo o que venho pesquisando, existem ferramentas linguísticas que mostram que o pensamento acerca das coisas do mundo são acessadas da mesma forma. Isto é o campo linguístico, filosófico, epistemológico, etc. Agora, no campo da neurociência (e nisto não sou o melhor sujeito), testes mostram que as reações químicas são as mesmas entre os sujeitos quando em contato com algum objeto ou fato idênticos.
ResponderExcluirEspero discutir mais quando tiver este ponto na mesa do bar.
Agora, sobre o anarquismo, vejo que a resposta mais razoável é a do amigo aqui em cima. Por ser uma aposta, podemos cair na ideologia, assim como o socialismo e comunismo oriental.
Abraço!
Olá, pessoal!
ResponderExcluirCreio que, se suspendermos o juízo em relação à natureza humana, então a tentativa de anarquia realmente deve se dar enquanto aposta.
Porém, imagino outro cenário: o de que já vivemos numa "anarquia". Mas talvez isso seja um jogo de linguagem. Se na anarquia não se pode ter leis, então não há lei que negue a criação de leis ou a criação de um estado. Então, numa anarquia, posso criar um estado. Nesse raciocínio, poderíamos já estar numa anarquia. Assim como a matéria está dentro do espaço, o estado está dentro da anarquia. Talvez a criação de um estado na anarquia se dê caso a aposta dê errado.
boa noite ai pra todos, venho acompanhando todos os vídeos que voces postam....são muito bons e instrutivos, parabéns ! também sou estudante de filosofia, aqui da usp em são paulo, e gostaria de comentar algo.
ResponderExcluirpoxa, acredito sim que a natureza humana seja má em essência, freud nos clareou quanto a isso, eu acho. temos impulsos destrutivos dentro de nós, sem dúvida nenhuma. a prova disso é a agressividade que todos temos e algumas vezes mostramos.com relação ao anarquismo, converso muito com um amigo meu que leu quase tudo do marx, e ele sempre diz que o verdadeiro marxismo nunca aconteceu, e outra, que ele, em formato original(não o marxismo-leninismo de cuba,rússia e etc) não pressupõe o estado ! ou seja, o marxismo original é uma espécie de anarquismo(não tem estado).
agora, com relação ao anarquismo, sem querer dar resposta absoluta, nem dar uma de sabidão, acho que é complicado, é arriscado, como o tistu falou, dizendo ser uma aposta. afinal de contas não está implícito nessa idéia de aposta a possibilidade de dar errado ? e essa possibilidade de dar errado tem a ver com o que ? pelo que entendo, tem a ver com o caos que poderia acontecer se algo ocorresse errado; por exemplo conflitos e caos.
mas pensando bem....agora me veio a cabeça os índios, e vejo que tudo que eu falei era só merda...ahaha os índios são uma sociedade sem estado, e vivem pacificamente; pelo menos se mantém como são a tempos. isso da chance pro anarquismo né....alias falando nisso, se puderem procurem o texto do pierre clastres - a sociedade sem estado. ele fala exatamente disso.
bom, minha intenção foi ajudar e tentar trocar idéias...se é que ajudou em alguma merda né...
um abraço ai pra todos
Orra...puta massa o blog...Tentarei acompanhar, vocês estão de parabéns.
ResponderExcluirAcredito que todas as postagens de vídeos que assisti no blog, tendem de certa forma, a colaborar e muito para o esclarecimento de correntes, tendências, do próprio conhecimento instrumentalizado frente a ciências humanas, do pensamento e do, "protagonista", Homem.
Ressalto somente que, em todas e no decorrer dessas converas, me parece que cada um dos convidados a falar, estão ultimamente interessados em ganhar a conversa, como se fosse possível, através de uma retórica que muitas vezes chega se contradizer em si mesma. Penso que vocês deveriam conversar como se estivesse num Bar de fato e, não tratar o campo das ciências humanas como um jogo em que as palavras e os famosos pensadores "poeirantes" edificam vozes e ainda gritam verdades. A construção de uma organização mais tragável não se faz com medalhas. A humildade diante do conhecimento é a maior chave possível, para a compreensão e o entendiemento da realidade tal como ela é. Saber falar é intimamente uma essência, porém ouvir, é a arte. E, como dira um desses cabeçudos do senso comum intelectual: "Só a arte revela a essência"...
Parabéns continuem com esse ritual....álcool, cigarros, amigos, ótimas conversas...
Olá, gostaria de deixar uma contribuição.
ResponderExcluirBakunin avança Rousseau, colocando que "minha liberdade depende da liberdade de todos que me cercam. A liberdade do outro não é meu limite e sim a extensão da minha".
Bons debates!
Leandro, muito boa colocação de Bakunin. O pensamento normalmente é de que a minha liberdade aumenta pela diminuição da liberdade dos outros, como na Dialética do Senhor e do Escravo de Hegel. Porém é um momento ultrapassável.
ResponderExcluirAté.
Faltou comentar sobre Bakunin nessa pauta no bar...Bakunin dizia q o homem não seria livre enquanto tivese um amo terreste e celeste (deus e o estado). Era contra a qual quer forma de governo, dizia q o "governo revolucionário" era uma contradição, pois o revolucionário luta para mudar a sociedade e não em governa-la...Já no seculo XIX, Bakunin previa como seria uma ditadura do proletariado...Uma tirania do caralho...Uma ditadura com uma repressão fodida...Ele preveu o q seria a União soviética e sua "inquisição comunista".
ResponderExcluirInteressante salientar q ele tbm criticava o governo da ciencia, q era o anseio dos positivistas...O governo da ciencia seria tão opressivo qnto um governo q não tivesse uma divisão entre estado e igreja..."A abtração cientifica é seu Deus" assim diria Bakunin sobre o governo da ciencia.
A pergunta agora q fiz a mim mesmo - como seria o leste europeu hj se a união entre os povos eslavos ocorrese, como propunha bakunin?
Seria como uma União das federações auto-gestoras eslavas em vez da URSS?